A Maternidade Aos 40 Anos

por Barbara Duarte
Como não tive filhos e tenho uma amiga que passou por uma experiência muito interessante com relação ao assunto separação e maternidade aos 40, convidei a blogger Paula Souza, do Toda Beleza e Superdescolada, para dar seu relato aqui no BarbaraDuarte.com, assim ajudamos mais mulheres a entenderem que não estão sozinhas e que todas nós passamos por experiências que, sequer, nos passaram pela cabeça um dia!

A Maternidade Aos 40 Anos:

dizem que toda mulher tem que ser mãe e acho que isso é visto quase como um processo obrigatório, uma espécie de prova que a gente tem que passar para provar nossa feminilidade, como um “diploma”. Aí você opta por não ter filhos e vira e mexe ouve comentários do tipo: ah, mas uma hora você muda de ideia! Ah, mas você ainda é nova, quando for a hora certa você vai querer. Ou ainda: ah, quando seu casamento tiver esfriado um pouco você vai querer um filho pra melhorar as coisas.

Como Tudo Começou:

me casei aos 20 anos. Resumindo a minha história, sou do interior de SP e vim morar na capital com 18 anos, alguns meses depois de vir pra cá eu fui trabalhar numa empresa onde conheci o rapaz que seria meu futuro marido. Namoramos, noivamos e casamos, tudo como manda o figurino, e desde o começo do namoro quando surgia o assunto “filhos” a opinião era unânime: não vamos ter. Uma porque ambos éramos workaholics e não teríamos tempo pra dar atenção à criança. Outra porque filho era um investimento muito alto e que não teríamos retorno (olha o absurdo, mas era real).

Sempre que surgia o assunto ou que as pessoas nos perguntavam porquê de um relacionamento tão longo sem filhos, as respostas eram as mais diversas mas todas pra explicar o que pra nós era bem claro. Querem filhos? Não!

Em todos os momentos da minha vida quando questionada sobre isso, eu sempre fui muito taxativa. Para mim nunca foi um sonho ser mãe. Me lembro que na minha infância eu não tinha o hábito de brincar de boneca, minhas brincadeiras preferidas sempre foram ser professora ou trabalhar em banco contando dinheiro (influência do meu signo de capricórnio?! rs).

Já mais velha acredito que passei a ter uma ideia um pouco distorcida da maternidade, talvez por perceber as mulheres à minha volta que eram mães, meio que deixavam de ter uma personalidade própria, parecia que uma vez mãe, quem a gente é (ou era) ficaria pra trás. Esquecida pra sempre em algum lugar do passado. E enquanto eu me mantive nesse relacionamento de 20 anos, isso só se confirmava, visto que meu parceiro também era bastante taxativo em dizer que não tinha anseios de se tornar pai.

A Maternidade Aos 40 Anos

Sobre as Voltas Que a Vida Dá:

eis que um belo dia (após uma mudança de casa, parece que o universo conspirou para que se iniciasse uma mudança de vida), em muito pouco tempo minha vida, que era tão estável e meu casamento perfeito, viraram de pernas pro ar! Iniciou-se um processo de separação que durou cerca de 15 dias e após algumas discussões e conversas que não tinham sido presentes em tanto tempo juntos, trouxeram a tona um sentimento mútuo: a admiração e o respeito haviam sofrido um baque e depois disso nada mais nos restava, senão cada um seguir o seu caminho.

Toda essa história para que você entenda o que vem a seguir. Após o rompimento deste relacionamento, é claro que no início a gente se sente meio perdida, não sabe bem nem o que a gente gosta e o que a gente só concordava por conveniência. O fato é que me vi livre pra fazer o que quisesse quando bem entendesse e assim foi.

Me matriculei numa escola de dança, que era algo que eu queria muito ter feito durante a vida, mas por motivos diversos eu ficava adiando. Comecei a fazer dança do ventre e cigana. Além de eu ter adorado conhecer esse novo universo, na época foi um processo muito importante pra mim, de descoberta da minha feminilidade e também de como a dança e as artes nos distraem e alegram. Naquele momento isso foi essencial pra ocupar minha mente e evitar que eu focasse no que tinha acontecido. Conheci muita gente nova, fiz amigas que hoje são como irmãs de alma.

Eu também sempre gostei muito de sair, sou bastante “rueira” e aproveitei o momento pra sair à noite, conhecer barzinhos de rock que eu sempre quis e nunca tinha ido e nessas andanças, comecei a me relacionar um amigo de longa data. A gente combinava muito em tudo e, entre uma saída e outra, depois de 3 meses juntos, eis que minha menstruação teve um atraso e eu, que sou bem “desencanada”, pensei que tivesse a ver com a idade (40 anos – talvez uma possível menopausa precoce) ou mesmo ainda ser algo relacionado ao estresse da separação.

A Hora da Verdade – A Maternidade aos 40:

fui ao médico, fiz o exame Beta HCG e o resultado: positivo! Como assim? Eu que neguei que seria mãe minha vida toda, agora estava grávida? De um relacionamento nada sério que durava há apenas 3 meses? Pois é!

A vida. Essa mesma que me pregou uma peça com essa história de separação, de um relacionamento que eu tinha certeza que duraria “até que a morte nos separasse”, agora me vinha com essa novidade: eu viria a ser mãe!

Passados os 15 minutos de surpresa, quando dei a notícia ao meu então namorado ele explodiu de alegria! Para ele, que também vinha de um relacionamento que não deu certo, ser pai sempre foi um sonho do qual ele já estava meio conformado em não ter realizado ainda.

Essa novidade vinha para mudar ainda mais as nossas vidas e nós, que nem havíamos chegado a conversar sobre essa possibilidade, resolvemos acolher juntos essa gravidez e o bebê que viria para encher nossas vidas de amor e alegria.

Tive uma gestação super tranquila. Tanto que quando fiz o exame eu já estava de 12 semanas e sequer havia sentido um enjôo. E assim foi durante todo o período até os 9 meses. Nada de dores e nem desconforto, a não ser no final, lá pelo oitavo mês onde a gente já está parecendo que vai explodir e tudo começa a incomodar: o peso da barriga, a falta de posição para dormir e isso faz a gente querer que nasça logo!

Optei pelo parto normal humanizado (que de humanizado só tem o nome, mas isso é assunto para outro post) queria esperar o momento certo, quando o bebê quisesse nascer e então esperei as contrações pra me encaminhar ao hospital onde o grande momento aconteceria.

Apesar de passar mais de 9 horas em trabalho de parto, a Lívia nasceu de cesárea, pois meu colo não abaixou o suficiente para que o parto normal acontecesse. Paciência! Foi como tinha que ser, ela nasceu grande e saudável, ficamos no hospital 2 dias e depois fomos pra casa.

A Maternidade Aos 40 Anos

E Agora?

Aquele misto de ansiedade e medo de como seria cuidar de um pacotinho de gente, tão pequeno e frágil e que dependeria totalmente de mim, somado à alegria e realização de ver que ela era perfeita e toda delicadinha. Jamais sonhei com isso! Foi muito louco. 😛

Concluindo:

a maternidade aos 40 é um processo tão ou mais incerto do que em outras idades. Acredito que vai muito do organismo de cada mulher, no meu caso sempre pratiquei atividade física, ao longo da vida, procuro me alimentar de forma saudável (sem neuras), tomo minha cervejinha também. A minha experiência foi extremamente positiva, hoje eu sou a que recomenda que se tenha filhos, pois acho que é uma experiência muito enriquecedora de altruísmo e abnegação. Que mudança, não?

É claro que a vida com uma criança é cheia de imprevistos, muitas vezes o que a gente planeja fazer no dia, vai tudo por água abaixo por causa de uma simples soneca fora de hora, mas ao mesmo tempo é muito gostoso não ter uma rotina certinha, pelo menos pra mim. Sendo bem clichê, o sorriso e o carinho que a gente recebe deles são a melhor recompensa!

 

Conteúdo escrito por Paula Souza, blogger e mãe da Lívia!
@blogtodabeleza
@superdescolada_

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2 comentários

Paula Souza 26/04/2020 - 17:37

Oi Ba, fiquei muito feliz com o seu convite pra contar a minha história com a maternidade aqui. Espero que ajude muitas outras mulheres a desmistificar a maternidade aos 40.
Bjs,
Paula

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Barbara Duarte 26/04/2020 - 20:30

Oi Paula,

adorei seu texto e agradeço demais pela sua participação! Tenho outras amigas que ficaram grávidas próximo dos 40 ou nos 40, mas seu caso foi sui generis pela situação: ter sido casada por 20 anos, não ter tido filhos desta união e de repente se ver grávida, pós 40 e ainda de namorado “novo” é uma reviravolta e tanto! Orgulho das minhas amigas mulheres, que têm realizado tantas coisas, t~em sido tão fortes! E parabéns pela sua coragem de, depois de sair de um relacionamento que esgotou seu tempo, ter tido coragem de se reinventar como se reinventou!

Este espaço estará sempre aberto para você 😉

Bjs

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